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43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

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Elia Suleiman, diretor homenageado com o Prêmio Humanidade
28 de Outubro de 2019
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Elia Suleiman, diretor homenageado com o Prêmio Humanidade

“As pessoas acham que o cinema é só algo para se assistir, algo externo. Mas acho que as imagens inspiradoras para a tela vêm de dentro”



Elia Suleiman é palestino, mas também é cidadão do mundo. Viveu em cidades como Nova York e Paris, mas nunca deixou um olhar atento para a Palestina. O tema de seu novo filme, O Paraíso Deve Ser Aqui, que ele apresenta na 43a Mostra, fala justamente sobre a busca incessante por um lar, por uma sensação de pertencimento.

Crônica de um Desaparecimento (1996), seu primeiro longa-metragem - também exibido na 43a Mostra -, analisa o quanto a população árabe de Israel perdia sua identidade nacional. Intervenção Divina (2002), um dos filmes mais icônicos de Suleiman, retrata o romance entre um homem de Israel e uma mulher da Palestina, que precisam atravessar a fronteira para se verem.

Na 43a edição da Mostra, Elia Suleiman foi homenageado com o Prêmio Humanidade, por por sua forma de ver o mundo e colocar em evidência, com seu cinema, a existência de palestinos e exilados em todo o planeta.


Em “O Paraíso Deve Ser Aqui”, você mostra como é difícil viver em outro país e procurar por um lar. Você se sentiu assim quando saiu da Palestina?

Sim. E não só uma vez, porque eu fui embora da Palestina várias vezes. Mas, sim, há muita verdade no que o filme tenta transmitir. E posso dizer que essa busca é interminável.

O que eu descobri é que... em um nível pessoal, posso dizer que, na busca por um lar alternativo, como o personagem no meu filme, eu também busco. Mas eu descobri que pessoas que vivem no seu país, no seu próprio lar, eles também buscam isso. Acho que isso não é necessariamente porque eles não gostam de onde estão, mas porque eles não se sentem estáveis ou com raízes. Acho que essa sensação vem acontecendo há alguns anos. As pessoas estão felizes onde estão, mas não têm a absoluta certeza de que elas querem estar onde estão.

No meu caso, é geográfico. Eu viajo e aonde quer que eu vá… você tem essa experiência de visitar lugares e pensar “ah, eu poderia morar aqui”. Você vê a arquitetura, vê uma casa ou um apartamento e acha que poderia ser um ótimo lugar para morar. Você se imagina em muitos lugares.

Mas todo lugar também se torna um lugar que você eventualmente deixa. Você continua na busca… e acho que, eventualmente, fica muito claro que o lugar perfeito não existe.

Como você disse, você saiu da Palestina várias vezes. Por que você sentiu que esse era o momento certo para fazer “O Paraíso Deve Ser Aqui”, que fala sobre a sensação de pertencimento?

Eu vou reinterpretar um pouco a pergunta. Não é que eu quis fazer o filme nesse momento, eu quis fazer há muito tempo. Mas, de alguma forma, aconteceu, pelo destino, que tudo deu certo nesse momento. Eu tento fazer esse filme há anos, mas, como sempre, financiar é complicado… mas, de alguma forma, foi o momento certo e pareceu mesmo o momento certo.

Quando comecei a filmar, houve momentos que não me senti assim… eu escrevi o roteiro antes dos ataques e greves em Paris. A parte de Paris acabou sendo um aviso sobre o que poderia acontecer em termos desses ataques… quando eles aconteceram, eu ainda não tinha feito o filme. Eu queria ter avisado, mas foi tarde demais. Por um tempo, eu até tive a impressão que não fazia mais sentido continuar com o filme, porque o que eu temia aconteceu. Mas o filme nem é sobre isso, foi mais uma insegurança minha quando eu gravei. Aconteceu a mesma coisa comigo quando filmei “Intervenção Divina”. Eu, de alguma forma, contemplei a violência que aconteceu antes de gravar. Mas o cinema não é sobre o que aconteceu ou o que estar prestes a acontecer, é mais uma reflexão sobre essas coisas.

O filme, então, acabou sendo um presságio do que viria...

Sim. A sensação que ficou é que eu não devia ter feito esse filme antes. Mas eu também tive tempo para me distanciar um pouco do que eu escrevi, tive tempo de refletir. E também acontecem coisas enquanto você espera o financiamento, e essas coisas também dizem mais sobre o que você escreveu.

Acho que revisitar o seu primeiro momento criativo ajuda muito, constrói muito. Eu preciso dizer que faço a mesma coisa quando gravo. Na própria gravação, eu não me baseio só no roteiro. Acho que se você só recorrer ao roteiro, é uma sensação de déjà vu, como se você já tivesse feito aquilo antes. Então, eu escrevo um roteiro bem preciso, eu imagino tudo sobre a história. E aí, na gravação, eu não olho para o roteiro, eu só o entrego para algum assistente.

Por quê?

Gosto de me dedicar ao processo criativo de novo, porque eu espero que o espectador viva o presente da gravação, o momento que eu filmo. Então, quero sincronizar o sentimento e o processo criativo com o espectador. Para mim, é gratificante quando isso funciona - é claro que nem sempre funciona. Mas eu não quero filmar algo que fica no passado, sempre quero recomeçar no momento.

Como foi o processo de criação do roteiro? Você chegou a falar com imigrantes e refugiados? Você fez esse tipo de pesquisa ou se baseou nas suas experiências pessoais?

O filme não é bem sobre imigrantes; é mais sobre nós todos, onde quer que estejamos e quem quer que sejamos.

Não fiz pesquisa nenhuma… eu acho que nem sei fazer pesquisa [risos]. Sou tão indisciplinado e tão caótico que isso nem está na minha expertise. Normalmente, o processo é longo, mas é principalmente contemplativo. Eu faço meus filmes a partir de coisas que vejo, como alguma coreografia nas ruas ou até sons. Sempre há algo para ver, se você prestar atenção.

Mas essa experiência não é simplesmente cumulativa, você precisa construir algo a partir do que vê. Aí eu começo a trabalhar em cima disso, como se eu estivesse em um ateliê, construindo camadas para as imagens. Essa parte é basicamente se sentar em uma cadeira confortável, porque você vai se sentar lá por um bom tempo… anos, até. E você olha para o nada, assim você viaja e sonha e tenta imaginar o filme.

Depois disso, vou para o computador e começo a escrever as coisas que odeio escrever, que são as coisas técnicas do roteiro, tipo “interior”, “exterior”... Não gosto disso, porque você fica preso. Mas você acostuma com isso também.

Aí, eu penso cena por cena. Eu não gosto de construir uma narrativa, gosto de que haja uma continuidade entre as cenas, mas não a continuidade clássica, e sim uma poética. Sempre tento misturar as cenas, para ver se a cena, sozinha, tem uma história para contar. Cada cena precisa ter sua própria história, mas, além disso, tem uma montagem, que você sente, é uma coisa mais subjetiva.

Então, você precisa fazer um tipo de edição, antes mesmo de começar a rodar o filme. É algo parecido mesmo com a edição propriamente dita. Isso é só um ideia de todo o processo, é um pouco mais complexo que isso.

Existe também uma frustração, porque é preciso muito tempo para que você também leve em consideração o espiritual, que é diferente do racional. Acho que quando você começa a pensar muito sobre a cena que você escreveu, você perde a poesia da cena. Sempre que começo a ter uma compreensão intelectual do meu trabalho, sinto que falhei. A parte contemplativa é muito importante, e quero que o espectador tenha essa experiência, essa interpretação.

Quando eu escrevo, me considero um espectador em potencial. Quando você senta e escreve, você também precisa se colocar no lugar de quem verá o filme… então, não é nem uma questão técnica escrever o roteiro, para mim, são muitos questionamentos, dúvidas, questões existenciais, momentos de meditação e uma viagem pelo seu interior. As pessoas acham que o cinema é só algo para se assistir, algo externo. Mas acho que as imagens inspiradoras para a tela vêm de dentro.

A Mostra também exibe “Crônica de um Desaparecimento” e “Intervenção Divina”. Eles mostram uma visão de Israel e da Palestina que é bem pessoal para você e é bem diferente da visão que a maioria das pessoas tem, porque geralmente temos uma visão pela mídia e pelas notícias. Na sua opinião, é também papel do cinema levar outros pontos de vista sobre outros países, povos, culturas…?

Bem, eu conheço muito bem o lugar. Mas, quando faço filmes, eu me importo com uma coisa só: como compor uma imagem que seja prazerosa de se ver. Depois disso, por consequência, o filme mostra o lugar onde ele se passa. Então, há uma tradução da política, da beleza, da sociopolítica… é tudo consequência. Mas não começo pensando “quero mostrar ao mundo o que está acontecendo na Palestina ou em Israel”.

Mas, quando você mora em lugar assim, você se depara com um checkpoint. Em algum momento, você o atravessa. Isso faz parte da realidade. E a realidade faz nascer uma imagem criativa, e você sente a necessidade de transformá-la em uma dimensão cinematográfica.

Não é exatamente uma questão de combater a imagem que a mídia faz da Palestina. Acho que essa tentativa de combater está destinada ao fracasso, porque a mídia vai continuar a interpretar tudo de outra forma. Enfim, acho que o objetivo da mídia na verdade é falsificar a realidade. Em vez de confrontar a mídia - e eu fiz isso com um projeto em vídeo, há muitos anos, antes de trabalhar com cinema -, acho que para combatê-la, é preciso ignorá-la, dar as costas para ela.

Se há um jeito cultural de espalhar seu, digamos, mantra para as pessoas, é dizer a elas “não assistam aos jornais, parem de ver TV e comecem a fazer algo cultural com sua existência”. Isso vai parar a mídia, porque eles não vão ter audiência, não vão ter o consumismo, os produtos que eles anunciam na televisão.

Você viveu em outros países por muitos anos. Acha que a sua experiência em outros países mudou a sua visão da Palestina?

Com certeza. Não só a visão da Palestina, mas de mim mesmo. Também mudou a forma como eu me identifico com as coisas, me transformou em um ser de várias culturas. Morar em outros países e conhecer aspectos de sociedades diferentes… tudo isso colore a sua existência. Com certeza, para mim, foi um privilégio poder escolher esse tipo de exílio. Eu não me considero uma vítima. Amo estar onde estive e aprendi muito. Nós só estamos sentados aqui conversando agora porque eu saí da Palestina e escolhi essa vida. Isso amplia sua visão e você percebe o que os ambientes à sua volta podem te oferecer, inclusive momentos prazerosos da vida. E tudo conta, até as mercadorias que você vê no supermercado: você consegue perceber como o lugar funciona, o que vem do campo… há algo estético e sensorial ali. Viajar é ótimo, me faz muito feliz. Eu sinto falta mesmo do fim dessa viagem, quando realmente poderei partir. Mas não dá para ter tudo.

Luiza Wolf
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