43ª Mostra
  • Films
  • Director
  • Editorials
  • Tribute
  • Jury
  • Interviews
  • News and Events
  • Mostra Journal
  • Podcast
  • Photos
  • Videos
  • III Fórum Mostra
  • Cinema Alemão: por Mariette Rissenbeek
  • Restorations
  • Staff Members
  • Acknowledgments
Versão Português
VignettePoster
  • 43ª MOSTRA
  • Films
  • Director
  • Editorials
  • Tribute
  • Jury
  • Interviews
  • News and Events
  • Mostra Journal
  • Podcast
  • Photos
  • Videos
  • III Fórum Mostra
  • Cinema Alemão: por Mariette Rissenbeek
  • Restorations
  • Staff Members
  • Acknowledgments
  • Info
  • General Info
  • Find the Theathers
  • Mostra Central
  • Press
  • Tickets
  • Partnerships
  • Apoiadores
  • Roteiro Gastronômico
  • Hospedagem
  • Instituições
  • ABMIC
  • Books
  • DVDs
  • Archive

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

[email protected]

X
home > Interviews >
Alexe Poukine, diretora de “O que Não Mata”
25 de Outubro de 2019
Compartilhar
Tweet
<     >

Alexe Poukine, diretora de “O que Não Mata”

“A mulher pode beijar alguém ou até começar a fazer amor, e isso não significa que pode ser estuprada. Temos de culpar o estuprador e parar de culpar as vítimas.”



A diretora francesa Alexe Poukine buscou inspiração aqui no Brasil para filmar o documentário O Que Não Mata. O longa conta a história verídica de Ada, uma jovem de 19 anos que foi abusada sexualmente três vezes pelo mesmo homem. E, no meio de um dilema sobre como contaria o trágico acontecimento sem expor a garota, Alexe, por acaso, assiste ao filme Jogo de Cena (2007), do documentarista brasileiro Eduardo Coutinho.

No longa brasileiro, mulheres desconhecidas e atrizes famosas se revezam em depoimentos pessoais --em um jogo onde o espectador nunca sabe quem realmente está representando. “Ao ver o filme, ficou tudo tão óbvio para mim e pensei que era isso que queria fazer’”, lembra Alexe. Mas, diferentemente de Coutinho, a diretora escalou apenas não-atores para contar a história de Ada. Todos selecionados, no entanto, possuem alguma relação com abuso sexual. O que torna o filme ainda mais impactante. Leia a conversa com a diretora na íntegra:

Como aconteceu de contar a história de abuso desta garota em seu documentário?

No final de uma sessão do meu primeiro longa, uma mulher veio até mim, dizendo que tinha uma história para contar, mas ela não sabia como. Ela me contou que foi abusada três vezes na mesma semana, por um rapaz que conhecia. No início, cheguei a ter dúvidas sobre o que aconteceu e como aconteceu. Mesmo sendo feminista, eu não sabia nada, por exemplo, de estresse pós-traumático e como esse trauma funciona --para sobreviver, seu cérebro desliga. Então, quem passa por isso diz coisas que não são muito racionais. Algumas pessoas acham que as vítimas estão mentindo mas, na verdade, estão traumatizados. E quando me dei conta que eu a estava julgando mesmo sem dizer isso para ela por ter voltado lá para falar com esse homem, me senti muito envergonhada. Então disse para que gostaria de ouvi-la e entender o que aconteceu e como.

Você passou a repensar o conceito de estupro, então?

Quando eu comecei a trabalhar no filme, foi muito antes do caso Weinstein e o movimento #MeToo. As pessoas tinham pensamentos bem equivocados sobre o que é um estupro --muitas achavam que é algo que acontece à noite, em um lugar escuro, com um cara perigoso e armado. Mas, em 80% dos casos, um caso de estupro acontece com alguém que a vítima já conhecia. Muitos casos, inclusive, acontecem entre o próprio casal.

A maneira de retratar essa história foi bastante respeitosa com a vítima. Como pensou no estilo do documentário?


Foi difícil encontrar uma maneira de fazer o filme sem colocá-la em perigo, porque eu não queria expô-la em frente da câmera e depois aparecer alguém da plateia duvidando [dos acontecimentos] ou a culpando --muita gente acha que a vítima merece o que aconteceu com ela. Acho que essa é uma estratégia do patriarcado de sempre culpar a mulher.

E eu queria fazer o filme de uma maneira que fosse global, já que o que aconteceu com Ada, infelizmente, não é um episódio isolado. Então, por dois anos, eu não soube o que fazer com essa história, mas aí Deus me ajudou, enviando o documentário do Eduardo Coutinho, Jogo de Cena, para eu ver. Aí ficou tudo tão óbvio e pensei que era isso que queria fazer. Pedi para algumas pessoas interpretarem a Ada e, depois, me contarem como foi falar suas palavras e ser ela por um tempo.

E como foi que você viu o filme do Coutinho?

De um jeito bem aleatório, na verdade. Eu estava em uma mesa de bar com uns amigos diretores. Tinha um drive na mesa e eu estava com meu computador. Eu nunca tinha ouvido falar sobre Eduardo Coutinho, mas adorei seu nome. Então, passei o filme para o meu computador e assisti. Abriu a minha cabeça. Desde então, já mandei esse filme para umas 100 pessoas.

E como você pensou no roteiro?

Eu não escrevi o roteiro. Pedi para a Ada escrever sua própria história, desde o início de sua vida sexual. Aí filmei 28 pessoas. No começo, assim como o Coutinho, com atrizes, mas depois percebi que, talvez, deveria trabalhar com indivíduos que já tivessem alguma ligação com estupro --como policiais, advogados, psicólogos, sociólogos, prostitutas. Então, comecei a ir atrás dessas pessoas. Depois de fazer o casting, demorei três semanas para gravar.

Você comentou que é feminista. Acha, então, que tem um papel na sociedade em contar certas histórias para, de alguma forma, despertar uma consciência de igualdade nas pessoas?

Acredito que todo filme seja político. Quando alguém faz um filme como Último Tango em Paris (1972), em que homem praticamente estupra a garota --e todo mundo pensa que é uma obra de arte e elogia--, é político. Significa que você está encorajando o estupro e está enfatizando a cultura do estupro. Os cineastas devem saber o que estão fazendo, porque muitos diretores lidam com estupro como se fosse algo descolado, como se o ‘não’ da mulher fosse um ‘sim’. Isso me deixa enojada.

O que você aprendeu fazendo esse documentário?

Aprendi muito sobre o sexismo, porque cresci em uma sociedade sexistas e racista. Também aprendi sobre como fui educada e sobre como precisamos desconstruir o jeito que criamos as meninas. Me dei conta de que, pedindo para minha filha ser educada, estava a preparando para ser uma vítima. As mulheres são educadas para fazerem os outros se sentirem bem. Fiquei impressionada ao ouvir, de muitas mulheres que entrevistei para o casting, que elas foram estupradas. Muitas sabiam ou pressentiram que algo de ruim iria acontecer, mas assim como Ada fez, elas pensaram: “Em uma hora, vou embora”. E Ada fica, porque quer ser educada. E acaba se arriscando, porque ela jamais ousaria ser mal educada com esse homem. E muitas mulheres são criadas dessa maneira. Percebi que fazia o mesmo com a minha filha. É algo inconsciente.

Bárbara Stefanelli
<     >
43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA
  • ABMIC
  • Books
  • DVDs
  • Archive
  • 43ª MOSTRA
  • Films
  • Director
  • Editorials
  • Tribute
  • Jury
  • Interviews
  • News and Events
  • Mostra Journal
  • Podcast
  • Photos
  • Videos
  • III Fórum Mostra
  • Cinema Alemão: por Mariette Rissenbeek
  • Restorations
  • Staff Members
  • Acknowledgments
  • Info
  • General Info
  • Find the Theathers
  • Mostra Central
  • Press
  • Tickets
  • Partnerships
  • Apoiadores
  • Roteiro Gastronômico
  • Hospedagem
  • Instituições

 

Lei de Incentivo
Proac

Patrocínio Master 

Itaú

Patrocínio 

SPCINE
São Paulo Capital da Cultura
Cidade de São Paulo
Sabesp
BRDE
FSA
Ancine

Parceria 

Sesc
CPFL Energia

Apoio 

Projeto Paradiso
Imprensa Oficial
Governo do Estado de São Paulo

Copatrocínio 

Petra

Colaboração 

Masp
Renaissance
Prefeitura de São Paulo
Auditório Ibirapuera
Itaú Cultural
Jazz Sinfônica
TV Cultura
Instituto CPFL
Conjunto Nacional
Casal Garcia
Velox Tickets

Transportadora Oficial 

Audi

Promoção 

Folha
Canal Curta TV
Rádio CBN
Telecine
Globo Filmes
TV Cultura
Arte1

Realização 

Mostra
ABMIC
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania
Pátria Amada Brasil
ABMIC - Associação Brasileira Mostra Internacional de Cinema © 2019