43ª Mostra Internacional de Cinema

Laura Bierbrauer, diretora de “Distante de Nós”

“Essas questões de maternidade nos rodeiam, assim como a sensação de ser imigrante em outro país”.

Em Distante de Nós, as diretoras Laura Bierbrauer e Verena Kuri contam a história de Ramira, que retorna à floresta tropical de Misiones, na Argentina, de onde fugiu após o nascimento do filho. Os esforços dela para reconstruir o vínculo com a criança, que não a reconhece como mãe, são bastante difíceis e sua família ainda questiona o abandono. A ideia do longa era, desde o início, falar sobre as dificuldades da maternidade --assunto que muitas vezes é um tabu em nossa sociedade. Leia a seguir:

A narrativa recorrente, tanto nas telas quanto na vida real, é a de abandono paternal. Por que decidiram, então, contar da perspectiva da mulher que não deseja ser mãe?

Nós duas somos da Alemanha e vivemos em Buenos Aires já faz mais de dez anos. E temos filhos pequenos. Essas questões de maternidade nos rodeiam, assim como a sensação de ser imigrante em outro país. Nos encontramos em um país em que as dúvidas e contradições da maternidade não eram tão faladas. Então começamos a escrever essa história de uma mulher que não podia ser mãe, porque não conseguia expressar ou compartilhar suas preocupações com a família.

Como você e a Verena Kuri começaram a trabalhar juntas?

Eu fui estudar um ano na Argentina em 2007, depois voltei para a Alemanha para terminar os estudos, mas a cidade me impactou muito. Então voltei, pensei que ficaria um ou dois anos. Verena passou pelo mesmo. Nos conhecemos em Buenos Aires, e as mesmas inquietudes, perguntas e pensamentos nos moviam.

Como escolheu o elenco de “Distante de Nós”?

São todos atores não-profissionais no filme. Tem apenas uma atriz, a Cecilia Rainero, e o resto são não atores.

E como foi a sessão do seu filme aqui no Brasil?

Foi muito linda. De certa forma, o Brasil é parte do nosso filme. Nossos protagonistas são de uma família que, há mais de 100 anos, veio da Alemanha para o Brasil. E uma parte desta família cruzou a fronteira da Argentina --eles ainda falam português. E por isso tinha muita curiosidade em saber como é o público brasileiro.

Bárbara Stefanelli

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA