Debate com Fernando Meirelles defende otimismo no combate à mudança climática
< >

Fernando Meirelles não esconde de ninguém sua obsessão por árvores. “É a única solução que a gente tem!”, afirma ele, referindo-se a alternativas possíveis de reversão da mudança climática, responsável por transformar paisagens e aumentar a temperatura no planeta.

Foi isso que seduziu o cineasta a assumir o papel de produtor executivo e consultor criativo de A Grande Muralha Verde. O documentário apresenta uma iniciativa ambiciosa para criar um corredor de árvores de leste a oeste do continente africano, totalizando oito mil quilômetros de extensão. Com isso, busca-se reverter o processo de desertificação da região, ajudando a manter nela jovens que hoje só veem perspectiva de futuro na migração.

O longa-metragem teve sua première brasileira na última quinta-feira (17), no CineSesc, como parte da 43ª Mostra. A sessão foi seguida de um debate que reuniu o próprio Meirelles, o jornalista e também produtor Claude Grunitzky, nascido no Togo e radicado no Reino Unido, e o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl. A mediação foi de Daniela Chiaretti, repórter especial do jornal Valor Econômico.

“O filme faz uma grande propaganda dessa iniciativa para tentar sensibilizar a população do que ela pode alcançar. A ideia é mostrar como é possível encarar os problemas com força, resistência e vontade de mudar”, disse Meirelles.

Segundo Rittl, projetos como esse têm sido responsáveis por aumentar a cobertura de floresta no mundo nos últimos dez anos. “Uma árvore faz a diferença e ajuda a impedir o processo de desertificação. Ela é a tecnologia mais barata para enfrentarmos diversos problemas juntos”, defendeu ele.

Desde 2010, Grunitzky se dedica a projetos capazes de revelar novas imagens da África - e “A Grande Muralha Verde” faz parte desse rol. “Esse é um filme que passa uma mensagem de otimismo e esperança e expressa que há soluções dentro do continente. Sou professor na Nigéria e na Etiópia e percebo que meus alunos não querem mais ir trabalhar nos Estados Unidos ou na Europa. Sinto um movimento de repatriação para ajudar na construção desses países”, disse.

O documentário tem sido exibido em festivais ao redor do mundo, como o de Veneza. Após esse período de lançamento, Meirelles pretende distribuí-lo em alguma plataforma de vídeo sob demanda para que a mensagem do filme possa alcançar o maior público possível. “Queria que ele fosse muito assistido, principalmente, no norte da África, onde as árvores seriam plantadas. Se as pessoas desses países entenderem como isso restaura o ambiente, poderiam colocar pressão em seus governos para fazer isso acontecer.”

Amanda Queirós

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA