Buscando a criação de negócios e parcerias, o III Fórum Mostra promoveu uma sessão de pitchings
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Sete editoras são convidadas para apresentar títulos com potencial cinematográficos

Num mercado cada vez mais competitivo, é comum que executivos, produtores e investidores façam uma seleção daquilo que tem interesse de produzir, baseando-se numa curta defesa do criador, o chamado “pitching”. O terceiro e último dia do III Fórum Mostra promoveu uma conversa aberta entre as editoras e produtores, sobre a adaptação de livros para o universo cinematográfico, “Do livro ao filme: adaptações a caminho” foi o tema.

“Uma das propostas da Mostra é essa, olhar para o cinema além dos filmes prontos” declarou Ana Paula Sousa, coordenadora do Fórum, ao abrir o evento. Organizado por Denise Gomes e Giuliano Cedroni, sete editoras de livros tiveram a oportunidade de expor obras com a potencial para se transformar em produtos do audiovisual brasileiro.

Cedroni iniciou a discussão afirmando que no cinema brasileiro “as adaptações são poucas”. Comparado às indústrias cinematográficas de outros países, o Brasil ainda estaria engatinhando no segmento. Nos últimos dez anos, no Reino Unido as adaptações tiveram uma “receita de 44% a 53% maior, comparados a roteiros originais” apontou, enquanto “séries de TVs baseadas em livros tiveram 58% mais de espectadores do que obras originais”.

Flávio Moura da editora Todavia, frente a esses dados defendeu a importância das adaptações. Para o editor, ambos são beneficiados, em especial o livro, para ele esse tipo de projeto “dá uma sobrevida para o livro”. A afirmação foi consenso entre os demais editores; a representante da Companhia das Letras, Luana Franca, concordou com Moura e completou “o filme traz novos leitores e os leitores trazem espectadores para o filme”.

Graziella Beting, editora-chefe da Editora Carambaia, apresentou ao público o livro Enervada. A obra de domínio público foi escrita por uma autora brasileira na década de 20 e se tornou uma raridade nas bibliotecas nacionais. Beting conta o processo para que um exemplar fosse adquirido pela editora, “nem a Biblioteca Nacional tem esse livro” o único exemplar que existia foi encontrado por uma pesquisadora, no do Gabinete Real Português de Leitura.

O livro está voltando à circulação com o auxílio da editora, e com apoio das produtoras pode consagrar-se na cultura literária brasileira. A presença de livros como esse na sessão é o reflexo dessa vontade de integrar a indústria do audiovisual e a do livro. “Tudo depende da adaptação” declarou Flávio.

Visando a pluralidade de gêneros e narrativas, a conversa na Mostra trouxe os mais diferentes estilos literários, desde os tradicionais romances até livros de contos e poesia. O livro Querem Nos Calar, produzido pela Editora Planeta, chamou bastante atenção uma vez que se trata de um compilado de poemas orais, uma junção de poesias declamadas por 15 mulheres participantes do movimento Slam. Questionada sobre o formato que esse tipo de livro poderia assumir no audiovisual, Lewkowicz afirmou “tanto em um documentário, quanto em uma ficção”.

No decorrer das apresentações, foi possível notar a semelhança nas tramas abordadas: temas atuais e recorrentes nas discussões diárias da sociedade brasileira. Entre os vários assuntos a questão ambiental, com o livro Garimpo, da Editora 34, as fakes news com a obra infantil Esquadrão Curioso, da Panda Books, as questões de saúde mental, com os livros Recusa do Não Lugar,da Editora Ubu, e Crocodilo, da Companhia das Letras que tem como tema principal o suicídio.

Marcelo Duarte da Panda Books foi o único a levantar a temática das produções infanto-juvenis. Segundo Duarte, a ideia do livro Esquadrão Curioso: Caçadores de Fake News surgiu no momento em que seu filho mais novo estava eufórico com uma notícia que no final se revelou mentira. Esse é o tema da aventura que se desenrola com um grupo de crianças que tentam desmascarar o vilão, Fake Nilson.

Duarte acredita que a melhor maneira de retratar essa trama seria na forma de seriado, ou seja, a trama “possibilita fazer outras aventuras com o esquadrão curioso” declarou, “Os Caçadores de Fake News pode ser apenas uma primeira temporada” complementou.

As apresentações demonstraram que existe um vasto material com o potencial de ser aproveitado pelo audiovisual brasileiro e o pitching desenvolvido no III Fórum Mostra possibilitou a aproximação desses dois universos da criação nacional.

Gabriela Nascimento Reis

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA