Popó se emociona em debate sobre “Irmãos Freitas“
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Após a exibição dos dois primeiros episódios da série Irmãos Freitas, Walter Salles, supervisor artístico, Sérgio Machado, que dirigiu a série com Aly Muritiba, o lutador Acelino “Popó” de Freitas e o ator Daniel Rocha conversaram com o público que compareceu ao Cinesesc na noite de sábado (19), durante o encontro Como Nasce Uma História, na 43a Mostra.

A conversa foi puxada por Sérgio Machado, que relembrou o início desse projeto que nasceu como longa-metragem, mas acabou por virar série. Machado era diretor-assistente de Central do Brasil (1998) quando Walter Salles falou com ele sobre Popó. Duas décadas se passaram até que a ideia chegasse à tela.

Salles, dando seguimento à fala de Machado, frisou o quão cinematográfico é o boxe: “No boxe você tem o protagonista e o antagonista, tem os elementos da tragédia grega. E, de todas as histórias brasileiras, a de Popó é a que merecia mesmo ser contada”.

Apesar de os irmãos Acelino e Luiz Cláudio Freitas serem os protagonistas da série, Machado disse que, dramaturgicamente, a história gravita em torno de dona Zuleika, mãe dos lutadores. “Essa é a história de dois irmãos disputando o amor da mãe. Pesquisando um pouco na psicanálise, chegamos ao conceito de ódio e enamoramento, que é o que irmão mais velho pode sentir ao ver o irmão menor sendo amamentado”, disse Machado, para explicar o conflito da trama.

Tanto Luiz Carlos quanto dona Zuleika estavam na plateia e, ao fim do debate, pegaram o microfone para falar sobre a vida que tinham acabado de ver transformada em filme. Popó, ao se dirigir à plateia, lembrou da batalha que a mãe, faxineira, enfrentou para formar os filhos. Em poucos minutos, estava com a voz embargada e os olhos úmidos.

“Ela ensinou algo importante pra gente, que é a palavra gratidão”, disse o campeão mundial. “E eu queria agradecer o ‘seu’ Armando (vivido por Antonio Pitanga na série), que está aqui na plateia. Quando eu não tinha o que comer, ligava pra ele e ele mandava um dinheirinho pra gente. A gente poderia ir para as drogas, para o crime, mas Deus tinha sempre uma pessoa que ele colocava no nosso caminho. E o ‘seu’ Armando foi uma dessas pessoas.”

Ana Paula Sousa

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA

43ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA